Se toda representação da palavra é ilusória. Ficção, portanto. Por que não irrepresentar para chegar a algo real (não enganoso ou meramente ficto?). Ou buscar equivalentes. Os correlativos objetivos de Eliot?
O valor (do poema) expressivo autônomo de beleza sem pátina, mácula, baço, jaez, escuro confuso, certezas duvidosas do verso equivalendo a qualquer coisa (não tão bem definida) é vital e profundo. É o real conteúdo que está nele, em si. E não além das palavras. Nada pode (nem deve) estar fora do poema. Na sociologia, na política. No amor. Não se deve (nem pode) precisar, na poesia, para ela ser, de sociologia, política, sexo, paixão, idolatria, fome, comunhão (solitária).
O poema é absoluto. Autônomo. Independente de auxílios sociológicos, políticos, subsídios amorosos, sentimentais, etnológicos e diabo-a-quatro, para ser. Assimilado. Lido. Entendido. Vivo. Porque tudo está nele. Nada há fora do poema. O que houver não é de sua alçada. É sociológico, político, emocional. De outra esfera. É poema não poético. Fora de esquadro. Métrico. Antigeométrico. Em si (e suma) tétrico. (Elegante, idiota). É, sim e somente, poema relativo. Não absoluto.
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