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Sáb, Ago

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VCA

A nova, vigorosa e nunca mais esmaecida poesia de Admmauro Gommes, como que possuída de catraca dessentimentalizante (para diferir do banal poético que nos cerca e acorrenta), chega logo à plenitude... e o instala como uma revelação nova e um mestre poeta em terra de poetas mestres.

 

 

No entanto, é uma poesia que expressa tanto a tristeza do corpo (insulado num mundo comercial e alienante) quanto as mágoas em que singra a alma. Porém, tão férteis e rápidos foram os saltos qualitativos, os trânsitos definitivos, a roupagem desilusionada que enverga AG, tantos os círculos que abriu quanto os sulcos por mares brasileiros da palavra dantes não navegados... que o porto da poesia absoluta o espera, aguarda, recebe... e louva num cântico do timbre de Saint-John Perse. É que andei relendo pela quinta ou sexta vez AMERS, e, ao imergir na setimessência dessa poesia adulta, deparei-me profundamente com a poética admmauriana de igual quilate.

É que ele indo beber a fontes líricas reais de brilho autêntico de onde colhe palavra líquida como cavalos de teor altivo e metáforas originais, dessedenta o mais insatisfeito (ou náufrago) leitor.

Todas as sedes encontram-se no corpo dessa poesia neoposmoderna e todas as saciações, as mais nuas, nela buscam satisfação.

Torna-se Admmauro Gommes um reconstrutor de modernos labirintos a afagar enciclopédicos enigmas, de estirpe didática a enfrentar foscos minotauros passadistas (e desdentados) a apenas cobiçar áticas moçoilas. É essa teseida visão que flagro no poema absoluto de AG.

Colho da sua poesia nova tempo depositado nas alfândegas da alma a se derramar sobre as glebas da página sem fadiga.

Com extrema desmesura, AG sopesa a palavra, encarna-lhe sentidos e direções, complexiza o fácil (que se torna físsil), traz à baila o nervo do verbo novo, engastando-o das pérolas sintagmáticas do imaginário desenfreado e sublime. O claro caos aponta no limbo da lauda. E sombras de um sol sem trégua traz à alma leitora.

Admmauro Gommes sabe que todos os poemas já foram escritos, no entanto as palavras ainda não disseram tudo. Porque AG sabe – e bem, que “tudo foi escrito antes de nós (como disse Flaubert a seu discípulo Maupassant), mas temos de escrever as mesmas coisas com palavras mais belas.

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Murilo Gun

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