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(Meu primeiro contato com o tema ocorreu em 1988, em Dusseldorf (Renânia do Norte – Alemanha),

quando passei temporada a serviço da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco, participando de um curso sobre Inteligência Fiscal. Na universidade – mantida pelo sistema fazendário estadual alemão, incluindo cursos secundários e superiores, para preparação dos quadros fiscais – estabeleci relações com alguns docentes, entre os quais uma professora de literatura, que me apresentou aos expressionistas. Em Recife, através da editora mexicana Fundo de Cultura Econômica e livrarias do Rio/SP que redistribuíam livros espanhóis, entre as quais Duas Cidades e Poliedro (esta, quando fechou as portas, adquiri, a preço de banana prata, mais de 500 volumes), consegui obras de Georg Heym, Ernst Blass, Yvan Goll, Alfred Doblin, Walter Hasenclever, Georg Trakl, Stefan George, Jacob Van Hoddis, Ernst Stadler, G. Benn (cuja obra completa comprei em Madrid), Stramm, Lichtenstein, René Schickerle, entre outros).

 

A crítica e a historiografia literárias estabeleceram como decênio expressionista o período 1910/20, periodização hoje prevalente, embora enfatizo que o expressionismo poético atingiu o apogeu de 1914 a 1920, mas seu desabrochar remonta a 1909/1910.

A cristalização ou demarcação territorial do expressionismo poético deveu-se à antologia poética Der Kondor (1912) – a 1ª expressionista, contemplando poetas como Benn, Heym, Lasker-Schuler, Wertfel, Zech, cujo editor Kurt Hiller foi membro fundador do círculo literário (em voga na época a criação de círculos) Neuer Club; a coletânea de Kurt Pinthus (1920), e o trabalho crítico Expressionismo Lírico, de Gottfried Benn (1955) sedimentaram e deram feição definitiva a essa revolucionária escola.

Os anos 1910/1914 são considerados como expressionistas, avant  la letre, não pré, como o afirmou Walter Falk, em seu ensaio ímpar Impressionismo e expressionismo.

Isso significa que Ernst (Maria Richard) Stadler – 1883/1914, Georg Heym (1887/1912) e (o poeta do órfico esplendor) Georg Trakl (1887/1914) não são introdutores inconscientes do expressionismo, mas, sim, representantes primordiais do movimento, inauguradores do mesmo como literatura, posto que seu início esteve vinculado à arte plástica.

Ernst Stadler nasceu em Colmar (Alsácia-Lorena), em 1883(morto em 1914), viveu, portanto, exatos 31 anos. Teve uma carreira literária brilhante. Estudou romanística e germanística, chegou a ocupar cátedra universitária em Bruxelas. Ao começo da 1ª Guerra Mundial, incorporou-se ao exército, e morreu vítima do conflito bélico, em Yprés, em 1914. Foi ensaísta, tradutor e poeta. Teve influência (romântica) de George Hofmannsthal, quando publicou Prelúdio (em 1905); mas operou uma viragem em sua poética que desaguou no esplendoroso poemário A partida, de 1913 (um ano antes de sua morte trágica).

O mundo estava em harmonia com a força de sua linguagem.

Quando esse status vital foi rompido pela Guerra, Stadler sucumbiu, como se não mais quisesse viver esse pesadelo contrário a suas crenças humanas, quem sabe demasiadamente humanas.

A influências de Péguy, Francis James e Walt Whitman, que traduziu, deve-se a estrutura de verso livre adotado por ele, em seus poemas, espécie quase estranha, até então, na vérsica alemã.

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Murilo Gun

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