Indagam com frequência o por que da tradução do título do livro último (set/2015), Estrutura da Obra para La Structure de la merde.
É que, não tenho (vca) ilusões, minha obra poética (e ensaística) é uma merda mesmo.
A essência disso poético que apodo de absoluto é fésica, no fundo(sem trocadilho). Algo como o quadro de arte fecalitica que estampei na internet.
Primo, é ilegível absolutamente, é ininteligível em absoluto(nem eu entendo VCA poeta e ele fuzila: quem me entenda, me derrota. Não se pode esperar mais de um poeta que se diz inspirado e de alma seca).
Essa é a realidade.... e não se pode fugir dela: VCA é uma merda como poeta, mas não um merda(que é ruim). Feliz ou infelizmente , é isso . TD.
Vital Corrêa de Araújo
Apenas direi
Sobre a praça onde minha infância adormeceu
A chusmas de pássaros oferece
Meu peito casto e ilusão valente
Além do milho de minha fantasia.
Água febril do meu delírio
E o inteiro sal do meu silêncio
A velhas traumas doar (antes de morrer).
(Se com amor a vida é erma, então...)
Se me perguntarem amanhã
Por ofícios matinais e idas primícias
Darei meu nome como resposta.
Se me perguntarem talvez
Pelas arruaças dos ricos
E desvairada cobiça que os devora
Não referirei camelos e agulhas, talvez.
E se por que sigo sem cessar
caminhos maltrapilhos das metrópoles
a distribuir intrigas e amoedas usuras
direi que apenas conheço minha floresta.
Ou a espuma da minha aldeia tão modesta
Ou a praça onde adormeceu minha infância.
E que pasço os dias a ouvir ovelhas
Velhos balidos que não voltam mais
Ainda ouço relatos de arroios lentos
jorro da impúbere água do batismo
Cochilo das sementes tomando sal
Rumor azul de messes adormecidas
Impaciente fluir de fontes arruinadas
A meus pés quase sepultos
Chinelas de Pedro seleiro
E das ribeiras do meu outubro
naipe dos meses desesperados
Gaiolas loucas de desejo
Zodíacos entristecidos
Além de calendários aborrecidos
De tristes datas descompassadas
Tudo em regozijo
Ao debacle da utopia
Mas à noite ouvirei novamente talvez
Lua rural tocando cítara.
Com dedos de campina e fervores azuis.
Tocarei a sombra em que te transformaste
O nome que foste, a Eneida fugida
Apalparei minha dor enorme
(Maior que o amor, talvez)
E me farei antigo como um ditirambo.
O louco que me resta
A coroa de um punhado de arroz
Apanhado na gleba da dor
O alimento que a alma vomita
O tempero intemporão
Tudo que o tempo exaura
Rasgue, jogue fora, despedace
Sou eu.
E fundarei indo safras podres
Com que lavei ilusões
E inventei incoerentes repúblicas do porvir
Reinados sem ventre, impérios nus e ansiosos.
E me fundiria à cidade que me veio o
Natal como o início.
Findarei o poema convulso dizendo
a felicidade consistia em
ver pastar utópicos bovinos
(Tourino do futuro vir a me lamber)
Para sentir leveza viva do voo da borboleta
Sobre o rosto da promessa
Sonhar com a libélula iluminada.
Enfim olhar o arrodear
Dos cálices lentos e rubros das flores
Por abelhas dedicadas a levar
Ao enxame de Deus botim do néctar.
SABOR (DE MIM) O
Saber que a poesia conversa com árvores
E na campina do silêncio vespertino
Leito de estrela d’alva acasala
Com o ângelus
A se engalfinhar com potes de couve verdes
Lentos volumes e crivos amarelados
Das cores dos crepúsculo nas varandas
Do lúbrico amanhecer.
Saber que graças à poesia
Capaz és leitora incruenta e sadia
De ouvir orvalho e sentir
seda úmida da manhã dos lábios
a olhar astros matutinos debruçados
das madrugadas dos alpendres
que restaram das réstias da infância
ou de suas imperiosas ruínas sobreviveram.
E TUDO FOI NAUFRÁGIO
Estendida das redes célicas estavas
lançando-me a teus olhos
Como sinfonia de gladíolos aproximando-se
Do coro rural das rolas fogo apagou
Dos páramos onde a infância se debruça e pasta
Ouvirás leitora pedermida que ama artúrios
A mim que não cultuo gerânios
Que já não ouço teu nome há milanos
Úmida a sonata de rãs da Goiabeira
Noturno concerto de gemidos
Do palco de riachos esquecidos, de
Águas perdulárias e perdidos nas lembranças velhas.
Do córrego dos Coqueiros
Onde a infância naufragou, lembro
Quando do “balde” do açude e do cacimbão
Rãs corruxiavam para mim.
PRÓLOGO, ENFIM (à Montaigne)
(ou a publicação do íntimo)
Qual Montaigne, afirmo ser este um livro de boa-fé, escrito para mim mesmo, que expressa o íntimo, e o publica.
Não o move interesse para com terceiros ou qualquer outro leitor, ou, melhor, qualquer um que não seja eu mesmo.
À posteridade, U jamais interessaria, porque a minha é vã e ínfima (além de totalmente pessoal).
Detectam-se nesses versos “alguns traços de minhas seduções e humores”, ou mesmo o caráter de minhas ideias, seus rostos mais secretos, nauseantes fantasias e vilezas próprias de ser humano e vital.
Como não almeje favores hipócritas do mundo e não pretenda alimentar fantasias ignóbeis dos leitores, de possíveis e desastrados leitores que o sequestrem ou aliciem, ou o desviem dos seus ilegítimos fins-e só a mim, o autor, afete com sua canga francesa de afecções. Ué um livro triste, crasso, ímpio, impudorado, estéril, convicto, desumano, mimético, eslavo. Mas não propano, ou de gás profano, porque dirigido ao semelhante, e ocasionalmente a algum qualquer leitor. Numa palavra áscuo.
Poemas neles contidos apenas retratam meus enojados defeitos minhas náuseas cotidianas mais acerbas, granjeados ao longo de périplos escuros e solitários, pelo o chão prófugo de minha pobre alma vã. Deserto paramo de meu espirito vão ou inútil.
Eis pois, exposta, nua e devassa, a matéria prima do livro, hipócrita leitor ! EU é um livro nu.
Espero que nunca o leias, a fim de não te assustares com a ferida do reflexo em tua máscara fútil, num ímpeto profano e curioso, bem feminino.
Nem mesmo eu – o idólatra autor, sei se lerei tais poemas, especialmente porque são ilegíveis. Inexpugnáveis de descontextos férteis. Que, provável leitor, faça-se juiz de suas intenções e decida por nunca ler-me, com astúcia e vontade – é o que clamo neste prólogo incontido, ressalvando, no entanto, que qualquer situação, trecho, mementos ou momentos de percepção, beleza, reconhecimento ou ironia, que por acaso, flagrem-se, é mera coincidência, conforme intenção direta do autor: pois é um livro momentoso e iconoclástico.
O futuro póstumo ou a boa memória dos imigos decidirão sobre o montante real do obrigatório encalhe destes míseros 200 exemplares. E objurgatórios preênseis cairão sobre ele.
Não muito obrigado !
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