A poesia não quer ser medida daquilo que se chama comumente de realidade (dos olhos do corpo ou os da mente automáticos).
Cabe à literatura e à arte rebuscar e alargar o poder de dizer e transfigurar da linguagem.
Dos três componentes possíveis e patentes da lírica – sentir, observar, transfigurar – é o último o que predomina na poesia moderna.
Lírico como linguagem do sentimento, da alma do indivíduo, é um conceito romântico, que permanece mas não tem nada a ver com a lírica moderna.
É essa facilidade comunicativa, essa sinceridade íntima (exorbitante, mesmo cavalar), essa transmissão direta da emoção (da ponta dos dedos e das câmara rubras do coração), essa angústia de compulsiva lição, que estão superadas e deixadas de lado, desprezadas pela poesia moderna.