Compomos uma sociedade tecnologizada, cuja característica aparente principal situa-se no âmbito da difusão e produção de imagens e informações.
De ídolos e simulacros somos férteis. Leibniz amaria viver essa hora de intempéries do homem. Quando a mônada do mundo é uma gosma em espasmo.
No caso do Brasil, nos encontramos na periferia desse contexto, cuja ponta está nos Estados Unidos, Ásia e Europa. Computadores, notebooks, smartfones, games, celulares, tipo iphone (2G, 3G, 3GS), tablets são ídolos dessa nova crença tecnológica. Comportamo-nos como crianças operando chips, calculando tarifas adequadas, acompanhando gerações e exibindo essas nanomáquinas (de bolso e alma), que nos inserem na tecnosfera e nos convidam a realidades virtuais sofisticadas, aceleradas e mesmo desconcertantes.
O estilo de telas (a estilística veloz da informação digital, o ser virtual) prima, impera. De computador (tela casca de ovo), vídeo, tv, cinema hd, Orkut, Google, Twitter, Facebook. É como se estivéssemos a adquirir uma nova natureza (ou tecnonatureza).
A distância (não mais física, porém virtual) deu lugar à noção de potência de emissão instantânea. (Quem sabe se logo emitiremos o sêmen à distância, alvo o centro cósmico e úmido da vagina sem mais o pegadio meio insolente e desatual?). Ou troca de bactérias do beijo?
Com a velocidade da luz (isto é, instantaneamente), mandamos tudo, fax, e-mail, voz, pela vastidão do mundo afora (pelo ilimite) ou infinito, que, com efeito, encolheu.
A proliferação digital (áudio, vídeo e outros elementos do cyberspaço - até mesmo o dedo digital de um deus virtual) reduziu a posição e o valor da representação da realidade sensível – e superdimensionaaprópria apresentação dela. Isto é, a efetiva presentação dessa realidade, face à telepresença das coisas dobrando o cabo do tempo, submetendo o espaço e apontando novos mundos de estranhas realidades. Como se nós fôssemos, sim, ETs. E não os outros.
É o império do teletempo e das distâncias simultâneas – e sem carência de algo maior e mais rápido. Ou reino da telexistência, a prescrever outros sartres. Somos ET de nós mesmos.
Tanto a existência espacial quanto a temporal estão sendo sacrificadas em prol do instante onipresente das telecomunicações instantâneas (e quem sabe, amanhã, logo, mais veloz que a luz?).
A indagação que resta: de que serve ao homem ganhar o mundo inteiro e cada célula do tempo, se ele teme perder a alma (de si e das coisas)? E contribuir para a perda da natureza como instância criadora e limpa?
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