Poeta não é uma blasfêmia
nem um cordeiro.
Poeta é imóvel como tigre que dorme.
Suave como corça de açucena.
Casto e repousante como uma tarde.
Poeta é silêncio ósseo
(e doçura assassina).
E como jugular lateja.
Poeta não é uma mansarda
nem uma sarjeta.
É força que brota do destroço
das ruínas da cinza
do naipe de escombro.
Poeta é fluxo e fênix
fúria, frêmito e grito escritos.
Com a alma do mundo comercia
e estampa na página fria
o prazer da solidão nua.
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