O GÁS DAS CELEBRAÇÕES
Subjugar o demônio, perder o melhor da vida.
Pó atônito, não acredito ser você.
A imensa parcimônia é o erro.
POR QUÊ ESCREVO POEMAS
Faço poemas porque acredito em Deus
sei que Ele é inacessível
como o rosto da minha poesia
PURGATÓRIO É BRANCO
Todo purgatório não é branco.
É mentira. Almas só são ímpias.
Fontes são polutas. Cemitérios operosos abutres.
POEMA FRENTE E VERSO
Do limiar de pássaro projeto
meu vou ao Averno
minha lídima vinda do rosto acordo
SOBRE POESIA E DEUS
Poesia, límpida fonte de desespero
modo de disfarçar a alegria, cobrí-la
de gestos cegos, sumos cavos, uivos servos
DEUS NÃO QUER
Primeira lição de botânica oceânica:
diatomáceas da lagoa. Algas algumas.
Que augusto anjo colha.
INVESTIGAÇÕES LÍRICAS
Porque nominei de absoluta a nova poesia neoposmoderna – e por efeito os seguidores dela seriam poetas absolutos
DOS OLHOS ABORTO
Lastro espúrio, estalão desmoronando
como areia desenraizada
tolo ouro olho da quilha avara
POEMA ÀS VEZES
Às minhas concupiscências todas, dedico.
É apropriado que faleçamos quando
despenca uma vertigem e a alma embote.