Poesia nos prepara
para derrota do coração.
Emoções que poemas desentoquem
são símbolos de louça, êmbolos
mônadas fenícias, árduas nuas primícias
ou rocas supremas e críveis
pelos fios da palavra amamentadas.
Poesia é pórtico da náusea
sua mais prima matéria crassa.
Poesia senha para que emoções
corroam o ser humano quando
descobre a sua animalidade essencial.
É preciso escrever versos como ondas impotentes
cegas, belas, mutiladas, recorrentes, súbitas.
Se poetas são um fracasso
poesia não é culpada da dor humana.
É preciso que a consciência moderna se deteriore
e volúveis estirpes se perpetuem
para reconhecimento da poesia
como cerne nupcial do homem
(sua derrota pela prosa).
Poesia excita os sentidos do futuro
e aos poetas súbitos súditos da impaciência
a palavra indica o futuro (enigma posto a deposto).
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