Estábulo e demiurgo, exegese de
pedra, corcel espumando entre cardumes
de rochas ancestrais, expressão e
expresso amalgamados e insubmissos,
arrolamento de êxtases, inventário de
desejos sublevados e puros embora obscuros
mas beirando a palavra, esgotamento
sonoro da natureza em sua feição
animal e humana e em sua pétrea
diversidade autônomia e ribeirinha da
casa e do Cosmos... eis a
poesia de Perse ... "bela como o
sânscrito".
Salmos alados recolhe como
pássaros de sílabas subitamente
revoando o infinito. Total entrega
à volúpia da linguagem,
verbo que refrata o obscuro lasso
a verdade incondicional burguesa e derrubada...
e que abismos da voz trazem
salvação do verbo.
Eis a instável e irredutível palavra
poética em ato despotencializando
velhos significados e condenando ao
inferno filológico os sentidos tradicionais.