Os buracos cavalos de Poseidon
corcéis de espumas edimiranos
das haras das nuvens disparados
de moribundos pulôveres embalados
álvaros alicerces do céu arrancando
e torres que deusas ergueram
contra hostes incestuosas de Babel
como baluarte de abelha guarnecendo
os escâncaras do temor galopando
o nimbo dos cascos reluzindo
das vísceras do alto alimentados
todos os gerúndios do tempo
todas as gravuras do ocaso atravessando
os poldros da aurora rebelada.
E os sons dos girassóis de outubro
a voragem que sublevava corações
os feridos contêineres da utopia arrombados
e tudo que Deus sondou
para a messe das chamas
e as últimas fagulhas
estampadas no lampejo
o sono suprimido
como pedra arrancada
do coração mineral da vida
do imo convulsão da montanha
e a extrema-unção devota
que tão íntima usina
os siderurgia?
João Pessoa, 31.12.01