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(ou o lucro da treva)

 a Odmar Braga (para quem

 mandacaru é menorá) 

Se cruzares com crise econômica

(encruzilhada do deletério com a espada)

abebera-te de sua sede, de seu confim

o troar das falências cavalgando

as costas monetárias do mundo

os ombros do espanto abalados

(o clamor do dólar ensurdecendo

os tímpanos espantosos de Wall Street)

fuga dos bancos desmoronando

(como muros que a caliça sabotou

ou areias de dunas na ventania)

trens falimentares a 2015

os fúnebres sinos da bolsa novaiorquina

em desabalada, badalando ao infortúnio

debelado pelo momento aziago

ao futuro deletado do mundo sepultando

(entre badalos e cabalas recorre ao absurdo)

a esclerose irredutível das debêntures

a pasmosa descerebração da incúria civil

contagiando o recesso armado do lar

a cinzenta busca ao dreno da moeda

(cuja presença jaz no claustro do Forte Knox)

a humílima crença na recuperação do espírito

depois do debacle do corpo, do crepúsculo do falo

a galáxia do impalpável acessível

aos dedos deletados pelo declive dos teclados

a cicuta dolorosa do deságio desenfreado

em crateras oferecidas aos últimos magnatas

acampados nos quarteis generais

de seus negócios dissolvidos

no nômade calendário o instante cru

  

da verdade financeira da vida

a data do ir-se desse mundo falido

para as sombras do equinócio

onde Perse ri-se dos príncipes.

  

A estranheza como heraldo úmido

 o lume da nave sem medo do mar de si

aceso no ombro da quarta navegação

 (ou dos altares náufragos abeirando-se)

o poeta contempla o apocalipse

 as cifras, os índices, o balanço da cinza.

 

Murilo Gun

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