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Dom, Maio

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Clareza e obscuridade em poesia são conceitos relativos. Só se é claro ou obscuro para alguém, para um público determinado pelas suas (in)competências literárias e expectativas estéticas.

Estas é que devem ser preparadas ou mudadas. A clareza (facilidade, simploriedade?) ou o hermetismo (a ignota compreensão) estão no leitor, não no poema.

O hermetismo (ou possível incomunicabilidade) literário não é algo que se deduza do texto, mas decorre de um julgamento prévio – e pequeno burguês, que não leva em conta o texto (mas o pré-texto, o pretexto do preconceito – prejulga-o) e de imediato, quase como inconscientemente ou por reflexo e longo condicionamento, caninamnete pavloviano, compara-o ao antigo texto mãe, o do passado, que é padrão e definitivo. (se ao me ler o poema leitor compare-o a Bilac, me rejeita de pronto (porque somos incomparáveis, os dois). A rejeição in limine é inapelável e fulminante. Embora prélio anacrônico acontece toda hora. E reduz. E sabota. E inibe. E deseduca. Sem dúvida. O “exigente” “leitor” brasileiro quer o poeta simplório, fácil, indubitável (no que diga), cômodo. Inquestionável. Coitado.

O “leitor” (nada) poético quando encara um texto difícil (cabeludo), digamos, que aparentemente e de imediato nada diga, afasta logo o cálice da leitura, e joga a dose fora, com altivez ignorância (e o bebê vai-se com a página do banho).

 

 

Murilo Gun

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