Perdido num cipoal de pesadelos (ósseos
juncos do rosto ajoelhados no dorso escuro)
dentro do pântano do sono manto ímpio imerso
POESIABSOLUTA
Blog de Poesias e Prosas e outra coisas de Vital Corrêa de Araújo
Perdido num cipoal de pesadelos (ósseos
juncos do rosto ajoelhados no dorso escuro)
dentro do pântano do sono manto ímpio imerso
Candelabros de novembro debruçados
sobre sombras de bronzes adormecidos
rijos vórtices de perfumes incensando
“Em Miró, uma nódoa de mosca na tela
pode ser o início de um amanhecer”.
Manoel de Barros
(P. Celan)
Da busca dos olhares troca de dúvidas
no tom despedaçado música de vagares
na solitária retina verdade enevoada
Rigor de azul e de horizonte.
Lá onde rosna minha solidão
está a dor
Branco e ébrio papel mancha da mácula
culpa da tinta
ósculo da pena na página
Sombra dos barcos naufragada
âncora do desespero levantada
vela sonhando com ventania
Último alento, frágil gaze, seda dissoluta, apanágio
extremo, unção da ida perpétua, estreita passagem ao fim do nada.
(Virgílio abandonado
como Enéias a Dido)
Dante despreza guia que lhe ensinara
Como Anacreonte
quisera ser sandália
para viver a teus pés