É preciso reconceituar a poesia. O entendimento consensual até a atualidade baseia-se no cânone sagrado da literatura e dá conta em sua maior parte da poética tradicional.
POETA SUSPEITO NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA
Desde que Adorno afirmou não ser mais possível fazer poesia depois de Auschwitz, aqui simbolizando o genocídio judaico da 2ª grande guerra do século XX, a pena hesita algo antes do poema.
(DES)ENTENDIMENTO POÉTICO
Na página, mármore, poeta cinzela (plasma sígnicos sentimentos), lança nesse pétreo mar branco sua rede de metáfora, apanha o peixe-sintagama, e do cardume de significantes içado arma o poema, objeto terreno e alado
NARIZ DO POVO
Vital Corrêa de Araújo
Quando Poe disparou que o nariz do Povo é a sua imaginação em riste. E é por ele (através de seus alvéolos, pelitos e pós olfatais) que pode conduzir o povo
A PALAVRA
O ofício do poeta é o que de mais sagrado restou ao homem. Ele move a hóstia da palavra até que a saliva do verbo a envolva.
O CENTRO DO UNIVERSO FICA EM ÁGUA PRETA
A franca, estonteante e ostentória beleza natural (não canavieira) da paisagem de Água Preta ou, por extensão, de toda a majestosa em seu raro resplendor de Palmares e belos satélites,
DECADÊNCIA DA LITERATURA
VCA
Moderno não quer dizer originariamente avançado, contemporâneo. Sua derivação latina é outra.
O SONETO COMO ARMA E VÍTIMA
O prestígio do novo é fato. Mas o velho sobrevive e deixa sua marca indelével sempre. Especialmente, porque dele nasce o novo.
POESIA COISA, NÃO SENTIMENTO
VCA
A poesia coisifica e humaniza. Liberta. É a potência da vontade da palavra em liberdade. Rilke, Sartre, Jakobson têm a poesia como coisa.
VIOLÊNCIA DA POESIA
Cláudio Veras
A poesia viola (este o seu ofício) a linguagem utilitária, as regras sacras da gramática (esse bastião conservador, preservador, norteador, porém insensível da escrita), verdadeiro código de conduta da língua (via retórica, permite-se alguma amplificação, mas também imobiliza a escritura).