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Dom, Maio

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 Vital Corrêa de Araújo 

Quando Poe disparou que o nariz do Povo é a sua imaginação em riste. E é por ele (através de seus alvéolos, pelitos e pós olfatais) que pode conduzir o povo

. Levá-lo a qualquer tempo para onde apontá-lo. Siga o seu nariz, não se afaste dois dedos dele. É sua quilha, seu lobby.Sua quina. Seu uniforme. O nariz do Povo é seu leme, inclusive político. Pois o Povo acostumou-se ao meu cheiro da corrupção  (política) brasileira (que é pior política e coisa corrupta que no mundo exista). A podridão é nossa. Da mesma maneira que há pântanos habitados (favelas úmidas, morro derrocando-se, água e lama de mãos dadas ladeira abaixo). É o modo político de ser de nossos (ossos) políticos (de todo o vasto século XX e adiante) que representam, no charmoso e desonesto Congresso e Câmaras (mortuárias da ética), não o eleitor, porém o investidor.

                Os políticos (desastrados e argentários brasileiros) i. e., do Brasil (coitado), levam o nariz do Povo ao aroma que querem. De latrina ou de Paris. De merda à perfume francês, em toda sua porca gradação. Se domaram (esses ossos nossos políticos) o nariz do Povo e se se apoderaram de suas (nossas ósseas) narinas de ilusões, nos acostumaram (a nós, eleitores desrepresentados por tamanhos equívocos de desrepresentantes) ao doce e ínfero cheiro da logração continuada (e de quatro em quatro – ânus, repetida).

                E o nariz do Povo tão bem conduzido à imundície política atrai à paróquia o monturo, à imbecilidade o dono da narina pura.

                É preciso suspender essa latrinária toda e votar: você quer político ou não? De uma vez por todas. Isto é, uma consulta plebiscitária ampla e irrestrita: quer que o Brasil continue a ter os políticos da laia de hoje em dia? Se não, como deveriam ser ou não ser os políticos verdadeiros?

                Na Alemanha, pais moderno de democracia avançada, a eleição de   Prefeito inclui na chapa o Secretário da Fazenda e o, digamos, Gerente Geral da Prefeitura. Que, juntamente, com o Prefeito, são eleitos pelo povo municipal. (Na Alemanha o nível municipal é algo real e não um simulacro perturbável, porque eivado da seiva pura da corrupção e da desvergonha, como no Brasil de hoje). Tudo acontece nos municípios, que é a única e a última instância real do governo. O estado é uma abstração. Algo do nível simbólico, não real, diria Lacan. Então, o povo escolhe pelo voto o Prefeito – que é o chefe mandatário e escolhe também o guardião do “seu” dinheiro (do produto do seu imposto o cobrador) e quem assine os cheques e comande a despesa. Bem como elege – com mandato e atribuição prevista na lei, o Administrador principal, que vai – dentro do plano e metas estabelecidas pelo Prefeito e aprovadas pelo povo, através do voto (observando-se orçamentos, prioridades, demandas populares, etc), promover a execução, fazer, produzir, sob a vigilância e autoridade que o povo atribuiu ao prefeito, quando o elegeu. E mais: é possível, ao término do 2º ano – dos quatro, de mandato, realizarem-se (convocadas de conformidade à lei ou vontade do povo) eleições (ou consultas extemporâneas) para mudar ou reafirmar os nomes do trio eleitos, caso haja motivações, por irregularidades ou malversações (isto é, malfeitos ou desvios de conduta gerencial). Isso significa liberar o nariz do Povo, em direção ao aroma que queira (latrinário ou parisiense – e nunca parasitário).

 

O olfato do povo é vital. E sábio. 

Murilo Gun

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