Roberto Cavalcanti  de Albuquerque

Id, o novo livro de Vital Corrêa de Araújo, passa a integrar obra poética já vasta: original, complexa, surpreendente, mutante. Obra a um tempo una e múltipla. Que se situa além dos limites confusos e atribulados de cansada pós-modernidade.

ei-lo que brota cardo íntegro

sem murmúrios de água

ei-lo frota singrando na sede

Não foi uma corrida (heroica e dolorosa) 
de touros como a de Salvaterra 
nem chusma de centauros em debandada 
vertiginosa e oleosa alma dum formulaum 

                O leitor retém o sentido, dá-lhe roupagem nova, adequada até, orna-o, acerta. Segundo Barthes, citando Admmauro Gommes, o leitor não descodifica o poema, mas o sobrecodifica.

Como se aportasse na aurora dos significados

e apressasse a identidade dos paramentos de seda

e os esses dessas insidiosas artes das serpentes

 À mãe noite, indevassável e inteira 
como um punho, uma rocha, como o céu
a que concede vidência e delírio

Tardes dormem nas indomadas
veias dos amantes
Um porco conheceu Odisseus

Do poeta empoleirado na palavra 
do varal farto do verbo vendo 
o trânsito eterno do mundo (vasto e vago)

Do campo criar corvo never

a rosa e o pulôver

louro para a pira