O segredo degrada
o degredo sangra
de greda é feita a anágua
O segredo degrada
o degredo sangra
de greda é feita a anágua
Que toda a náusea
e todo o repouso
dos olhos morram
ante sacro espetáculo desse crepúsculo vital.
Enquanto ouço
dos ossos flautas
das conchas binalves rumor do mar
Ondula o pensamento
como corvo no ar noturno
vazio aumenta o amor e arrebenta
areniscos que mar não perdoou
Multidões consumidas
nas fábricas nos gabinetes
nas porteiras nas borboletas
nos supermercados nos cinemas
Vá ao silêncio das raízes
ouça rumor da vida da veia da linfa pulsando
impelida por coivaras amestradas, saiba
que do intestino das sombras brota
Lençois de Ítaca traziam rastro
da fila do sêmen dos pretendentes
a rolarem sobre corpo de Penélope nu
lascivos bordados de unguentos crus
Drástica reviravolta no modo de fazer e entender, compor e recepcionar (do ângulo do leitor) o poema ocorreu dos últimos cinco anos até agora (julho/2017).
Côncava sombra alimenta
crepúsculo mais fugidio
alicia céu
para seus brancos desígnios
Súbita lágrima do cerne do ferro irrompeu
como gotas de gusa das pálpebras
assim como o som da construção
ecoando linhas descontínuas