Mallarmé salvou a linguagem
de sua servidão material.
Libertou-a de sua estéril funcionalidade.
Por instantes. Ou instintos.
A brutal especiosa contundente
caminhada
de Mallarmé pela palavra
passou pela língua como substituta do
sagrado (simulacro real do espírito)
E mesmo da vida.
Como superação da respiração de Deus.
(Como antecipação do humano).
Mallarmé vivifica o verbo
dá-lhe novo ímpeto
estatuto e alma
instila-lhe ar e renovo
novo broto
fá-lo ressurgir da ruina do homem
brotar do escombro da vida.
Recria do verbo francês força hebraica.
Lume e seiva originais.
Faz rebentar do verbo a vertigem
seu andaime mais impetuoso o delírio.