Transformar o verso em novo significante.
Um novonomear uma novapoesia
(gerada pelo excesso absoluto de rimas
acumuladas no lombo de sete séculos). Amém.
A velha poesia muda, salta (dialeticamente)
para a nova poesia nova.
A muita (excessiva) rima opõe-se
nada de rima (nenhuma, tudo brancura).
O resultado novo: alguma rima maior.
Excesso de poemas relativos dá em Poesia Absoluta.
A Poesia Absoluta é a presença
da ausência da representação.
A Poesia Absoluta despedaça
o ser aparente da palavra
dilacera a realidade da aparência
(verbal ou não)
re-vela, recobre, abre
re-aliza, re-alça
eleva.
É um poema violento, porque viola
a inocência (e virginidade) da poesia vigindo.
Exerce violência ôntica.
E desanua o silêncio. E explora a pausa
A poesia vigendo já não impede o excesso
de miríades banais (e tolecismos precisos
e exatos nadas)
mas os postula, acumula, aplaude
serve-se de energias banais para rejuvenescer
até se considerar eterna
(e a fonte de juventude da poesia brasileira
é a rima. (Se não tem rima, não é poesia).
- Cadê a rima? Oh! É pena. Não é poesia.
E o pior. A rima é incontida. Porque excessiva.
Se a poesia brasileira hoje
desbordou do mundo dos limites
é ilimitável.
Urge então fundir outro mundo
(outra morada do ser poético real, atual
e não só potencial).
Daí, o mundonovo (novomundo) inabitado ainda
da Poesia Absoluta. E seus novos significantes.
E no intervalo (intermezzo poético)
que se abre a fenda do novo.
Prenhe de novos nomes ou verbos (alicerces).
Grosso modo, no Brasil (poético, real) hoje
não há nenhum mundo. Só páramo branco.
Mudo. Cabe ao (novo) verso fundá-lo.
Fiat poesia!
E este mundo não está a tua espera
porque esperas por ele (poeta oculto(a)).