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Dom, Jun

destaques
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Transformar o verso em novo significante.

Um novonomear uma novapoesia

(gerada pelo excesso absoluto de rimas

acumuladas no lombo de sete séculos). Amém.

 

A velha poesia muda, salta (dialeticamente)

para a nova poesia nova.

A muita (excessiva) rima opõe-se

nada de rima (nenhuma, tudo brancura).

O resultado novo: alguma rima maior.

 

Excesso de poemas relativos dá em Poesia Absoluta.

 

A Poesia Absoluta é a presença

da ausência da representação.

 

A Poesia Absoluta despedaça

o ser aparente da palavra

dilacera a realidade da aparência

(verbal ou não)

 

re-vela, recobre, abre

re-aliza, re-alça

eleva.

 

É um poema violento, porque viola

a inocência (e virginidade) da poesia vigindo.

Exerce violência ôntica.

 

E desanua o silêncio. E explora a pausa

 

A poesia vigendo já não impede o excesso

de miríades banais (e tolecismos precisos

e exatos nadas)

 

mas os postula, acumula, aplaude

serve-se de energias banais para rejuvenescer

até se considerar eterna

(e a fonte de juventude da poesia brasileira

é a rima. (Se não tem rima, não é poesia).

- Cadê a rima? Oh! É pena. Não é poesia.

 

E o pior. A rima é incontida. Porque excessiva.

 

Se a poesia brasileira hoje

desbordou do mundo dos limites

é ilimitável.

 

Urge então fundir outro mundo

(outra morada do ser poético real, atual

e não só potencial).

 

 Daí, o mundonovo (novomundo) inabitado ainda

da Poesia Absoluta. E seus novos significantes.

 

E no intervalo (intermezzo poético)

que se abre a fenda do novo.

Prenhe de novos nomes ou verbos (alicerces).

 

Grosso modo, no Brasil (poético, real) hoje

não há nenhum mundo. Só páramo branco.

Mudo. Cabe ao (novo) verso fundá-lo.

Fiat poesia!

 

E este mundo não está a tua espera

porque esperas por ele (poeta oculto(a)).

 

Murilo Gun

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