Estou sofrendo da dor viva de ser
pela primeira vez na minha inútil vida
e é um sofrimento de palavras.
É o âmago doloroso do verbo
barro estrebuchando
vertigem do oleiro solta
êxtase sem peias, viço sem amarras
toda volúpia de respirar desencadeada
nuvem cerrada e negra da alma expandindo-se
como mancha de tinta da página da sina
escrita na lauda do acaso que me foi dado
todas artimanhas, falsos meneios
jogos estéreis, bailados de fuga (tocatas nuas)
sinuosos ademanes, manobras diversionistas
do ser somente apoteose
suas idiossincrasias e manadas de farsas à vista
do corpo, ao pasto da alma.