VCA
Terry Eagleton (crítico literário marxista de valia) disse que os tipos de discursos, sistemas de signos e práticas de significação (no meu campo, elejo como tal a literatura) produzem efeitos, moldam formas de consciência ou conservação (ou eternização) do sistema dominante de poder... mas também podem (a poesia absoluta e o leitor respectivo) produzir sua transformação.
E vive-se dentro de tais sistemas que podem nos moldar ou podemos os remodelar.
Qualquer ser humano vivo se situa numa estrutura social, num complexo econômico, num contexto histórico e num ambiente institucional determinado (não por nós diretamente) e essa situação nos molda, nos apassiva, nos enquadra e controla, através do discurso (aparentemente nada ideológico).
Somos assim, via domínio de uma poética sincrônica, não histórica, (como soneto é da espécie) preparados, treinados, usados (não para nossos fins, mas outros).
Alienados a defender e conservar o sistema de que somos meras criaturas passivas. Creio que uma nova forma de ir contra tal entrave é a poesia absoluta.
A manutenção de uma literatura ordeira, bem estabelecida em Machado, o el supremo da prosa, e Bilac, o maestro da poesia, exige obediência a princípios, regras exatas de escansão, normas rígidas de gramática, submissão a discursos fixados no tempo ideológico e num lugar político firmes. Fora disso, a convenção é: as coisas importantes estão além das palavras.
Embora intensamente reais e consequentes (e até mais reais por não serem nomeadas) tais coisas não interessam a nós. Nosso interesse é viver ouvindo música sertaneja (ebola em forma auditiva), exercitando sexo constante e algum ácido provisório, votando e comendo fast food deliciosa, com a devida renda e o indefectível emprego. Pronto. Tamos conversados.
Nota: e ligados a alguém ágio, índice de inflação ou correção da poupança, além do facebook de cada dia.
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