Eliot: o poeta fala a Ninguém. Ulisses é o leitor.
Falar a ninguém é usar a linguagem sem nenhuma intenção comunicativa (imediata, finalística). A comunicação é com o leitor (competente e não hipócrita) e não com o mundo (idiota ou não).
O sentido, exato do poema não é essencial, é residual.
O leitor de poemas entende formas, não atos da linguagem. Ou coisas do outro.
Detesta fatos aborrecidos. (Como poeta). Como ser
humano adoro Datena.
O leitor é subentendido. Uma espécie de duplo do poeta (alteregoid).
A linguagem poética aspira ao essencial, à expressão concentrada e densa (espessura não opaca), a uma forma fechada e diferente da antiga, que a preserve da contaminação prosaica, de modo que o viés comunicativo não predomine, que o dizer algo não seja o objetivo, o fim, desiderato do poema. Pois o fim do poema é ele mesmo. Ele se realiza em si mesmo. Atualiza suas inverdades perfeitas, seu mistério real, suas esfinges, espasmos hieroglíficos, veleidades vitais.
Tudo se resume em indizer, não comunicar (pois a mídia, o satélite, TVs, tablets, redes sociais midiáticas já o fazem bem demais); em desdizer, em inconformar, ou dar atenção à forma do uso da palavra – e não à palavra (dicionária ou não).
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