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Vital Corrêa de Araújo

Sabedoria ou mediocridade? Diálogos no reino encantado das águias, do Prof, historiador e filósofo, Cel Reginaldo Oliveira, é um livro excepcional, sendo a excelência do conteúdo ilustrada por fotos coloridas do enclave edênico Retiro das Águias, do Professor, utopista prático e ecologista apaixonado, José Rodrigues.

É nesse sítio mágico que se encrava e em que acontece a utopia em andamento, o projeto de replantar, reconstruir a Mata Atlântica, dizimada pela ganância, destruída pela cobiça da monocultura desmesurada.

Nesse lugar ecologicamente sagrado se insere a ação do livro Sabedoria ou mediocridade? Nele a escolha de ser sábio ou medíocre é do leitor.

Tal livro, cujo lançamento atraiu multidões em Palmares, oferece a possibilidade de leitura múltipla e multifária. Como romance, como ensaio literário e filosófico, manual de sobrevivência do espírito, fólio de instruções para compreensão do mundo atual – de suas mazelas e benesses.

Em um mundo vão, esfacelado por ideologias vorazes, partido, desmembrado, de elos pálidos e rompidos, a todo custo e a toda hora – sobretudo um mundo meio humano de ética duvidosa – e moralidade suspeitíssima, mergulha Reginaldo Oliveira para dessa imersão retirar teorias, práticas, lições, explicações e acima de tudo reencantações. Reginaldo Oliveira intervém e rompe a pasmaceria vigente, ultrapassa o âmbito mercantil, a superfície da vida de simulacro que hoje se vive. Ele – Cel Reginaldo Oliveira, quer essências e substâncias, não pura ganância e atra cobiça. Ele quebra paradigmas idosos, arranca a máscara do presente e expõe a alteridade do futuro. De um futuro do homem, não das coisas, e nunca idêntico, esse futuro que Reginaldo Oliveira escava com perícia e minúcia filosóficas, nunca igual, repetimos, esse futuro ansiado a tudo o que infeliz e impotentemente presenciamos hoje.

Em forma de ensaio platônico, o livro Sabedoria ou mediocridade?  integra um diálogo que vivifica e traz à tona toda a tona danificada da era que vivemos (vivemos?), era que rasteja e que está indo e nos levando a todos para o beleleu do agora, para o abismo do desumano.

Reginaldo se posta no páramo etéreo e, da última ameia da muralha, da amurada cidadela humana do Castelo do Reencanto, ergue e brada sua pena e voz num brado de basta tanta miséria, corrupção, malfeitos, ignomínia e devassidão sobre  a Terra (de Deus). E projeta um novo tempo para um novo homem. O filósofo Reginaldo Oliveira, desencantado, alvejado de revolta impotente, cercado de indiferença, sitiado de medíocres estupendos, e joinhas, como ele apoda, de insatisfação alimentado, se rebela contra a mediocridade organizada (organicamente unificada como uma ameba gigante) – e ele, rebelado indômito, planta bem alta a bandeira do futuro. Assim, leem-se ou veem-se nitidamente nesse livro, distinguem-se o pódio, o mastro, o pano do porvir balançar esperanças sobre o mundo humano que virá após Sabedoria ou mediocridade?

Reginaldo Oliveira valentemente exacra o status quo de lodo e náusea em que chafurdamos. Avesso ao que se vê, discursa nesse magnífico ensaio dialogado e constroi ou fornece os elementos-tijolos e ergue a massa da construção do futuro sobre os andaimes das palavras. Para um alto projeto do mundo e o homem (mundo que hoje o homem imunda). O Projeto de um Novo homem para um Novo mundo. Para que o homem não mais seja verdugo do que virá ou carrasco do porvir.

A força da impotência, que beira a alma, o punho e o coração do homem, hoje, Reginaldo Oliveira defronta com finura a braveza e... triunfa. Toda essa jornada da palavra, essa lida filosófica, frente de luta sob a bandeira da filosofia absoluta, todo esse claro espetáculo mercantil que daninha o destino humano, todo esse prélio contra o capital selvagem e antihumano, o Coronel Reginaldo, armado de filosofia e coragem histórica, enfrenta, desafiadora e vitoriosamente.

E desse embate, dessa batalha escrita demonstra esse livro a vitória, o alvo alcançado, a verdade resgatada.

Esse livro magnífico assombro do tempo pensado e escrito, que vocês estão a ler, de agora em diante, é uma prova de que tudo o que seja humano para Reginaldo Oliveira não é estranho.

Portanto, Senhoras e Senhores, à força da impotência e ao peso do desencanto, Reginaldo Oliveira predica o reencanto, salmodia o encontro do ser consigo mesmo. E nunca a comunhão só das coisas. Prega Reginaldo Oliveira a transformação, extrai da página rompida e dispersa da vida capitalista a unidade da potência do ser. Assim, filosoficamente embasa e sublima via seu discurso dialogado à moda do melhor Platão.

Sabedoria ou mediocridade? é um livro cuja trajetória inverte a norma, porque vai da periferia para o centro, de Palmares para o mundo. É uma obra que contribui para a renovação do pensamento político e filosófico do Brasil. Restaura o veio perdido da história recente e indica, aponta novos caminhos e novas verdades, sempre escamoteadas estas e os caminhos desrumados sempre.

Sobre as bastilhas do Castelo do Reencanto tremularão três bandeiras. Uma do Reino das Águias, outra da Filosofia Absoluta. Uma terceira virá fincar-se logo, a da Utopia Verde que está de volta. Bandeiras que não mais jazerão ao rés do chão, empapadas de lama e pó e rastejantes. Estandarte que dobrará o vento e da baliza do páramo avistará o futuro vindo depressa. Bandeira que não mais se arrastará no chão de pó e vazio dos caminhos sem ventre ou volta.

Estandartes de lástimas não mais se multiplicarão das mãos baldias para triunfo da impotência ou vitória do desumano. Não mais, pois a desumanidade está em xeque (quase mate) no livro de Reginaldo Oliveira, o Platão da Mata Sul.

O pendão da rebeldia não mais pertence ao canavial, mas ao livro “Sabedoria ou mediocridade? Diálogos no Reino das Águias”. E do brilho do pendão dessas páginas brotará a lição iluminada de que o futuro é possível para o Brasil. E que o futuro começa no interior de Pernambuco!

Em síntese – e para não me alongar, o filósofo e homem de ação Reginaldo Oliveira, no âmbito do seu profundo tirocínio e na ambiência de sua prática humana, percebe nitidamente que as aparências e as máscaras que simulam o viver monetário hodierno ou movem a urgência do dólar no bolso e do euro na alma, todo esse simulacro de vida – que disfarça ou confunde o tempo humano de objetos e ágios, todo esse tempo de desarmonia e descalabro está em derrocada!

Coronel Reginaldo, como filósofo bem armado da verdade, municiado de sensibilidade, investe, topa, quebra, vence o quadro, a malta de aparências e máscaras que escamoteiam a realidade. E liberta a vida verdadeira do poço de ilusão em que jaza. Com a filosofia absoluta em riste, ele começa da Mata Sul de Pernambuco a mudar o mundo, mudando o homem. Texto de VCA lido pelo Prof. José Rodrigues, no lançamento do livro Sabedoria ou mediocridade? do filósofo Cel. Reginaldo Oliveira, na FAFICA, em Caruaru.

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Murilo Gun

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