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Dom, Jun

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A finalidade da ética – segundo os filósofos gregos, era prescrever ou estabelecer a felicidade individual (do ser ou em si).

A da política, assegurar a felicidade da comunidade, de todos, do conjunto dos cidadãos. No entanto, objetivos ou realizações políticos pressupõem ou dependem do alcance das prescrições éticas. Se o indivíduo não estiver feliz, é impossível alcançar a felicidade geral. A política seria a ânsia da ética. A felicidade do homem é condição sine qua non da do cidadão (ou da pólis). Ou seja, a política faz parte da ética.

 

A posição de Aristóteles ainda é plenamente válida e opera seus efeitos.

No momento em que “um político” (no caso, o que detenha mandato: vereador, prefeito, deputado federal, estadual, governador, senador, presidente conferido pelo povo, eleito no contexto da democracia eleitoral equilibrada e estável) pratique qualquer ato aético, tipo corrupção ou equivalente, ele deixará de ser político (que integre a condição ética infringida). É outra coisa: um delinquente político, um traidor ou ofensor da sociedade, um reles infrator dos princípios da democracia eleitoral, enfim, um tipo de canalha, não um político, na acepção original e correta do tempo.

Perseguir a ética pressupõe a realização do potencial político da sociedade. Os propósitos da ação política devem obedecer ao estatuto ético, para validar a atuação do político.

A política (ou suas finalidades e seus objetivos) deve funcionar como um meio para consecução dos valores objetos da ética. No Brasil, não se obedecem a esses princípios universais. A política é sinônimo de safadeza, desonestidade, enriquecimento ilícito, ladroagem, roubo de dinheiro do povo, fonte de falcatrua, o exercício da astúcia de enganar o eleitor e infringir a ética (de que a política é parte).

O poder político no Brasil assume a forma do poder do dinheiro. O poder do cargo político (peculiar, a modo de peculato e pecúlio) se confunde com o dinheiro, e gera a corrupção, como algo normal, como comportamento previsível do exercício político. Inclusive, a naturalidade do roubo, pelos políticos (aéticos) na condução dos mandatos, tornou-se para o povo (eleitor) uma decorrência natural do exercício da política. O que é uma horrenda distorção do papel político do cidadão, que se aproveita da lambança geral e estabelecida para vender o voto, ou seja ganhar algo a cada eleição.

É uma fatalidade o ciclo político brasileiro distorcido, a política sem ética, o que descredencia e desacredita a política, como ação ética implicada no exercício do poder político.

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Murilo Gun

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