Todos os que me leem, hoje, trocamos de século e milênio, o que só se repetirá daqui a quase milanos (988), e isto é um raro privilegio, a poucas gerações concedido.
Mas nada mudou nada. Em termos de violência política, obscenidade pública (e púbica), desumanidade explícita, perversidade (pedofílica e econômica), agressões sustentáveis à Natureza (a de Deus – desde a relva e umidade doce do Éden, e a do homem – sua alma e destino), corrupção degeneralizada e opressão, situações que levam ao que aconteceu em presídio do Maranhão, o de Pedrinhas, o único do estado, superpopulado e superpoluído. Onde presos matam-se à vontade, e diretórios ou gabinetes de detentos-chefes impõem sua vontade às autoridades, que prontamente satisfazem caladinhas seus desejos. Inclusive, o desses “chefes” praticaram sexo, toda semana há anos, com irmãs e mulheres de presidiários pobres, banais, indefesos, sob pena de terem cabeças cortadas. Ah, Glauber, cadê você? O que diria, GR, dessa foto?
Nesse meio devasso e sem vergonha, uma classe (médias e altas juntas) defrauda o Brasil e torra a natureza, derruba árvores, desmata o que nos resta de pentelho de vergonha na cara. Devoram-se no abismo do pior pop, de Madonna, Gaga e Roberto Carlos autoritário (sempre). Ainda bem que a tal da Xuxa saiu da vista! Mas ficou o pagável Didi, ah, meu Deus (católico ou não), como suportar, por 50 anos essas figurinhas tarimbadas, ou melhor, carimbadas da TV, as mesmas, os mesmos cantores – da melhor da pior espécie, século e milênio adentro? Não merecemos. Ainda bem que que hebes e regis têm morrido.
E a poesia? Mais inútil que necessária no BR de hoje. A mais moderna (remoderna), como a poesia absoluta, é doidivanas. Delírio puro, insentido. Se desde 1964 pra cá, pouca coisa faz sentido, porque a poesia deveria fazê-lo?
A pergunta é: onde está o incerto e o tal do sentido, meio que perdido, que todos procuram como se sentido fosse fonte jovem?
O que a Poesia Absoluta (praticada entre professores e alunos da FAMASUL-Palmares) faz é chocar para ser, ou melhor, para o ser aparecer (e não só parecer que é). Arrancar o leitor de sua passividade absoluta, de sua insuportável vida vivida só à pele da alma. Arrancar verdades do leitor que seja, obriga-lo a ver a merda ao redor. Desconvencioná-los do vão a que vão, do nada que somos, da vida ínfera que vivemos (pentecostalmente – mente – mente). Acordá-los do sono da complacência sem limite. Se o Brasil vai pro inferno, por que ir junto?
Não há, não restam mais objetos românticos. Só o hímen o era anos atrás. E o hímen foi pro beleleu. Darwin diria: nas próximas gerações, os do sexo feminino nascerão sem hímen, porque perdeu a função. E do acessório natureza se desfaz. Assim como soi de ser no Maranhão, estão a cortar a cabeça de nosso tempo.
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