O poema é um objeto (não é sujeito) de palavras nada físico ou fisiológico, construído pela imaginação...
e nessa criação reside, está, se estabelece o sentido... do poema. Só assim o poema significa. Para nós, para si.
Não há nada essencial a ser separado, a ser contraposto, excluído, incluído, considerado dessa significação do poema. O poema é plural e dialético. O estado de existência da palavra imbricado à potência verbal leva ao estado poético, irredutível à qualquer outro prosaico. As coisas humanas não existem em si, existem no poema, valem por ser poéticas. Daí, no absoluto poema Lembrança, Holderlin conclui: apenas os poetas criam o que permanece, o que é para ser, o que para sempre vai ficar. De onde parte Heidegger, para analisar conceituar sobre a essência da poesia, como linguagem originária, sua ligação (do verbo) com o ser e sua (da poesia) antecedência à literatura em geral.
Abrindo-se o reino das interpretações mutáveis – e jamais definitivas, por natureza – do poema.
E a conclusão: sem poemas não há sentido (à palavra, à vida). A aparência é imprescindível à essência, portanto sem essência não há aparência. E esta é contraparte da vida material do homem. O poema dotado de um sentido externo, mecânico, imposto etc não tem valor de poesia. É invalido.
A ligação entre criação poética e vida reside no fato de que a imaginação (o id ou o que seja) humana coincidir com a própria existência. E o texto (oral, escrito, aberto, fechado) diz respeito à imaginação, é produzido por ela, produzindo-se as condições reais da produção do homem.
21.09.2015
A poesia – no sentido superior de algo que avassala e sublima o espírito – permeia a humanidade, desde Deus. Em especial, os poetas antes de Cristo e do capitalismo (asiáticos, africanos, irlandeses, gregos, romanos). Esse “pastor do Ser, como o figurou Heidegger, tratando de Holderlin e Nietzsche, é portanto um ser nostálgico da antiga unidade do homem, estado pervertido ao longo da civilização reformada nos últimos milênios (pós-Cristo). Sobre esse sentimento arcaico, li e anotei um livro do luso Carlos Reis (História da crítica).
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