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Dom, Jun

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(importante porque a melhor companhia é você)

Sofro – ou melhor usufruo – de um violento estado de indepressão, de uma síndrome de alegria, felicidade, mente aberta ao mundo e ao ser, vivendo em mim mesmo, puramente em mim vivo, lendo e aprendendo o que me interessa e valoriza, bem como escrevendo sobre minhas teorias de poema, e, principalmente, escrevendo poemas. E o faço, ao longo das melhores horas de meus dias (e noites). Aprendi muito comigo, posto que a companhia constante de si mesmo (isto é, de mim mesmo) representa um aprendizado vital sobre você mesmo, em um nível inesperado e surpreendente. Aprendo de mim coisas que jamais aprenderia do outro, outros que, segundo Sartre, é o inferno.

O lugar, hoje, em uma sociedade urbana e agressiva, atordoante, variada, com exigências e situações que devoram o tempo e o ser, é impróprio ao homem, e o fragiliza até a penúria do seu ser. Moro em Recife – desde 1970, na avenida Visconde de Jequitinhonha, a 50 metros do mar, o que é muito confortável. O apartamento onde Murilo Gun nasceu, há 7 anos desabitado, é meu (de VCA, e da esposa dele) e o dei a Gun, pelo vínculo sentimental – lugar de nascimento – inclusive Murilo está reformando (ele quer que o quarto onde ele nasceu seja o de sua filha – e minha neta – Maria Valentina Gun Pimentel Dantas – e isso é um lance da sentimentalidade de Gun, que admiro). A propósito, o arquiteto encarregado de planejar e executar a reforma do apartamento de Gun, é Rafael Tenório Amaral, amigo de infância de Murilo Dantas Corrêa de Araújo, e neto do ex-prefeito e criador do Festival de Inverno de Garanhuns Ivo Amaral.

O meu filho mais velho, Cláudio Corrêa de Araújo Neto, advogado brilhante e grande esportista, além de exímio namorador excelso, vive com os pais, num 14° andar de um edifício bem defronte do Parque Dona Lindu. Graças a Cláudio, há o espaço para minha solidão. Ele faz a companhia à mãe – a médica e cirurgiã, apaixonada pela medicina e pela beleza,  Dra. Ivonilde Dantas Corrêa de Araújo, desde que cerca de 15, 20 dias permaneço comigo mesmo. Aprendi solidão, recolhimento, espaço para autorreflexão no Mosteiro de São Bento, onde vivi por 9 meses.

Hoje tenho convicção de que o maior obstáculo da vida, do eu é o outro, mantidas as proporções disso que afirmo.

Para o que me destinei, nos últimos 4 anos, ler e escrever muito, produzir 1 a 2 livros por mês (cerca de 500 páginas a digitar, pois não e nunca tive computador, escrevo à mão, gasto 13 canetas por mês e duas resmas de papel), para obter esse resultado, publicar no mínimo 10 livros por ano, desde 2010, é imprescindível viver em solidão, ou em estado de solitariedade, pois não gosto do termo solitário (soa a masturbação do tempo).

Para o escritor, o outro (não necessariamente a outra) é óbice, intransponível obstáculo. Se você precisa escrever 30 páginas por dia e ler um livro a cada dois dias, não pode perder tempo com TV, pessoas, trânsito (onde moro nos brejos de Água Preta, não há acesso a carros - a casa quase de taipa, fica dentro da Mata Atlântica, sobre um pântano).

Estabelecida a situação que um criador literário deve adotar, se quiser ser consequente com o objetivo, é adaptar-se ao modo de viver de quem – como VCA – fez votos de solidão.

O interessante é que esse modo meio ermitão de vida pode ser aprendido. Uma espécie de estágio é vital, num lugar paradisíaco, chamado Retiro das Águias, utopia em prática do Prof. José Rodrigues (de direito, administração, de inglês e palestrante), quase meu irmão, como Osman Holanda (1° e 2°), Admmauro Gommes, Rogério Generoso e uns 4 ou 5 mais – e só. Já se ouve em cada rua de Palmares o bordão: Palmares tem jeito. Rodrigues Prefeito.

O Prof. Rodrigues, no Retiro onde ele mora com a esposa, mantém uma reserva de mata atlântica e cria florestas nativas, protege animais e uma fração de mata atlântica que existe em suas terras. Mais de 200 bananeiras são só para pássaros. Na página USINA V.C.A, no Facebook, tem uma foto de uma mangueira gigantesca, embaixo da qual eu escrevo.

Em síntese, é um ótimo lugar, o Retiro das Águias, para um encontro consigo mesmo, pois ninguém, nenhum outro é tão importante para você, senão você mesmo.

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Murilo Gun

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