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Qui, Abr

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É preciso atentar ao ler Rogério Generoso poeta, que as frases (versos )

que constituem ou lastreiam a linguagem poética carecem do valor (ou avaliação) de falsa ou verdadeira. Verdade que atribuímos ao território da ciência, como referência ou prática, como algo objetivo, ou ao campo da filosofia, como reflexão teórica, como visão subjetiva do objeto (mundo/homem) .
Isso porque a linguagem cognitiva (com suas exigências lógicas e metodológicas, tipo: penso, logo existo ou o outro é o inferno e eu sou deus) é estranha à poesia. Não são do mesmo patamar real, não se encontram nem se confundem, são de edifícios e fundações, de alicerces e coberturas diversas à linguagem poética e a científica ou ordinária (ou comum das duas). 
A questão da verdade e da poesia (fato que me chamou atenção ao reler ATRAVÉS, novo poemario - pura poesia absoluta - de Rogério Generoso) é controversa, e o verso não subsiste à necessidade do cunho da verdade, como selo ou marca para lrgitima-lo, nem do cravo da referência para aceitá-lo, levantá-lo em meio ao cemitério da prosa, do dito. 
O verso não deve ser verdadeiro ou falso. Coitado do leitor que mergulhe nessa miragem, porque vai quebrar a cara e arrebentar s cabeça, e sobrar como Malabo na água do esgoto. Essa lógica, do é ou não é (toda metafísica) não o abrange. Sobra. Não interessa esse (falso) dilema. Basta ao verso dar prazer estético (e não informação científica ou comunicação qualquer, que é do campo de prova da prosa, que é! a linguagem que se usa para dizer ou reclamar) .
Na linguagem poética, a questão da verdade e da falsidade não se opõe. Não cabe atribuir valor de verdadeiro ou falso à linguagem poética, ao poema ATRAVÉS. Ela é estranha a tal dilema. A isso. Por isso é poética. Se não são verdadeiras ou falsas, as frases (versos) de ATRAVÉS são (e devem-no ser) destituídas de referências ao real ordinário ou aparente, aquilo que denominamos nosso mundo ou corpos, lugar de nossa alma ou sentimento, físico ou psicológico.
A linguagem poética (e não a que se transveste de...) é isenta (melhor, imune ) de uma avaliação ou pesagem lógica quanto a sua validade de verdade, porque se trata de uma linguagem não referencial. E portanto, de algo altamente imaginário, imagético , imaginimico, isto é, ficcional. Por trás do texto poético não existe o mundo, mas estão mundos (imaginários ou reimaginarios ).
Daí a conclusão do semanticista, primeiro sistematizador da semântica literária, G. FREGE : 'enquanto na linguagem científica, o significado depende da referência e do valor de verdade das coisas ou objetos, a que se aplicam ou tratam, o significado poético concentra-se e esgota-se no sentido. Isto é, nele próprio. É algo imanente, não transcende a si mesmo. Limita-se, nele mesmo realiza-se. Daí, sua autonomia. 
A linguagem poética é a do sentido puro (ou imagens). Porque os textos poéticos constituem e organizam o sentido. Mas o sentido poético nada tem a ver com a referência, o significado normal da linguagem em geral. Isso demonstra a extrema especialidade peculiar à poesia. 
Libertar-se das peias, cadeias, algemas, elos,grilhões da referencialidade é papel da linguagem poética (fim da função estética maior da linguagem). Quando exige verdade do texto poético, está-se violentando-o e cpnspurcando a pureza da linguagem poética utilizando-a para dar mensagem, recado, reclamação, lição, informação (que pertence ao nível da linguagem ordinária, comum, normal, certa ).
Em suma, em ATRAVÉS, obra inusitada de Rogério Generoso, estamos diante de algo com pleno sentido poético, porém rejeitando "in extremis " quaisquer modos estandardizado de produção de sentido.

 

ESTE TEXTO É DE VITAL CORRÊA DE ARAÚJO SOBRE POEMA HOMÓNIMO DE PRÓXIMO LIVRO DE ROGÉRIO GENEROSO{jcomments on}

Murilo Gun

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