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Dom, Jun

Ensaios
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(A nova natureza do homem)

 

Compomos uma sociedade tecnologizada, cuja característica aparente principal situa-se no âmbito da difusão e produção de imagens e informações.

De ídolos e simulacros somos férteis. Leibniz amaria viver essa hora de intempéries do homem.

 

 

 

No caso do Brasil, nos encontramos na periferia desse contexto, cuja ponta está nos Estados Unidos, Ásia e Europa. Computadores, notebooks, smartfones, games, celulares, tipo iphone (2G, 3G, 3GS), tablets são ídolos dessa nova crença tecnológica. Comportamo-nos como crianças operando chips, calculando tarifas adequadas, acompanhando gerações e exibindo essas nanomáquinas (de bolso e alma), que nos inserem na tecnosfera e nos convidam a realidades virtuais sofisticadas, aceleradas e mesmo desconcertantes.

O estilo de telas (a estilística veloz da informação digital, o ser virtual) prima, impera. De computador (tela casca de ovo), vídeo, tv, cinema hd, orkut, twitter, facebook. É como se estivéssemos a adquirir uma nova natureza (ou tecnonatureza).

A distância (não mais física, porém virtual) deu lugar à noção de potência de emissão instantânea. (Quem sabe se logo emitiremos o sêmen à distância, o alvo o centro da vagina sem pegadio meio insolente e desatual?).

Com a velocidade da luz (isto é, instantaneamente), mandamos tudo, fax, e-mail, voz, pela vastidão do mundo afora (pelo ilimite), que com efeito, encolheu.

A proliferação digital (áudio, vídeo e outros elementos do cyberspaço - até mesmo o dedo digital de um deus virtual) reduziram a posição e o valor da representação da realidade sensível – e superdimensionam a  própria apresentação dela. Isto é, a efetiva apresentação dessa realidade, face à telepresença das coisas dobrando o cabo do tempo, submetendo o espaço e apontando novos mundos de estranhas realidades. Como se nós fôssemos, sim, ETs. E não os outros.

É o império do teletempo e das distâncias simultâneas – e sem carência de algo maior e mais rápido. Ou reino da telexistência, a prescrever outros sartes. Somos ET de nós mesmos.

Tanto a existência espacial quanto a temporal estão sendo sacrificadas em prol do instante presente das telecomunicações instantâneas.

A indagação que resta: de que serve ao homem ganhar o mundo inteiro e cada célula do tempo, se ele teme perder a alma (de si e das coisas)? E contribuir para a perda da natureza como instância criadora e limpa?

Conquistar o mundo externo (incluindo o nonomundo da técnica) a preço de perder o interno, que de nós se dissocia. Mundo em que tudo funcione ou tenda, a ser feito à luz da velocidade, acima da alma. Alma que não é peça técnica, dado cibernético, elemento tecnológico, etc. É simplesmente alma.

Murilo Gun

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