À sombra de dezembros
quase não nasce ontem
a corda umbilical pendeu
de um penhasco seco
do preâmbulo de um infeliz ??? (prefácio)
escapuliu para centro anárquico do
triangulo da catábase.
O possesso escuro, à metade do vir
elevado vindo do agreste
do rosto divino
que proclama
"Os trinta mil ursos
reclamam do bosque
quem fincou-se
no disfarce para a morte".
O que traga a iluminação da loucura
o que traga as sílabas exatas
do delírio na alma, o de quem
grassa o entusiasmo originário
o de quem um deus multiplique o rosto
o que vai ao onde espírito
gera própria carne e triunfa
sobre dons mesmo os abomináveis
o a quem se dedicam todas
as tentações gnósticas
e anjos do pesadelo vigiam
o que projeta relâmpagos
sobre oráculos e cavalos
e domestica o sopro
como se cultivasse um bolo
próximo a quem naufragou
o masoquismo panteísta
e a partícula do ser não se devorou.
À plural unidade do verbo
ao encontro da palavra reencanto
à imago mundi dilacerada reconstruída
em sua múltipla unidade restaurada.
Quem rege o mistério, quem
se arvora em sal e sacerdote
que reúna finito e infinito
numa mesma e sensual moeda
que meio-dia receba
e dado do alto drapeja
que interrogue princípio, que
embarace limites e integre
começo e fim
num mesmo indício?
O crível incrível se instala
na palavra, o poema
da dor rebelada e apaziguada
lampeja, parteja o instante
em que o impossível anuncia
o acontecimento nato, a aurora
do impostergável
o impossível crível desata
e a aparição do fim começa.
O prodígio do ser
inressurrecto porque único
indelével, impartido, átomo
do que é e será.
O que pode ser o ser será
porque o não-ser é
tudo o que pode ser é
e será.
O poder do transgressivo entendimento
é absoluto.
A poesia incompreendida transforma
o ser incriado em forma.
E a bênção não resistirá
ao abuso, mas adiará o abismo.
E o humano
não será mais estranho.
Será mais humano.
Nunca demasiadamente desumano.