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Qui, Abr

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Sylvia Beltrão


Ser poeta é conseguir pegar o sol com as mãos nuas e colocá-lo em um pedaço de papel, ao ponto de cegar os olhos do leitor com seus raios metafóricos, ou abrilhantar de emoção um coração sofrido. É tirar de dentro de si aquilo que grita e ninguém consegue escutar, e este grito passa a se chamar verso.


Nas estrelinhas, o poeta consegue sussurrar seus mais íntimos segredos, e a elas prometem ao leitor: “Te provocarei a cada instante!”. É ainda se desligar do mundo, esquecendo que se tem amigos e confiar apenas em um pedaço de papel, como bem disse Machado de Assis: “Tenho a alma feita em maneira que dou apreço ao mínimo, uma vez que seja sincero. Não diria isto a ninguém cara a cara, mas a ti, papel, a ti que me recebes com paciência, e algumas vezes com satisfação, a ti, amigo velho, a ti digo e direi, ainda que me custe, e não me custa nada”. 

Realmente, não custa, basta ser absoluto e dizer sem dizer. Ser poeta é inventar néstogas, e fazer com que esta palavra inaudita, contagie a todos e passe a ser adotada pelo nosso vocabulário diário (e entenda quem puder!). É estar entre o real e o imaginário e muitas vezes fazer com que se pense que o imaginário é real. É uma constante confusão de ideias, ids descompassados, superegos enlouquecidos, loucuras cometidas sem parar para pensar nem por um milésimo de segundo nas consequências sofridas. É ser Vital (com trocadilhos!). Tudo isso são sintomas da doença crônica do poeta. Ser poeta é uma ameaça... apaixonante!

 

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Murilo Gun

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