Por que no Brasil as formas poéticas se eternizam como se a eternidade fosse fácil, ou mesmo brasileira? Aqui, nesse solo gentil, a poesia se deita esplêndida e terminal. Nesse rincão estranho, as formas da poesia se evadem, não se enquadram na lei geral (orgânica e mineral) da decadência ou do desgaste (das formas) pelo ato do tempo, esse senhor – se não tão ágil, imperdoável.
A antievolução é nossa lei literária, no campo da poesia. Porque o soneto, impávido, onipotente, imune a qualquer mudança, sobrevive hoje no Brasil. Sobrevive incólume, completo (decimoquartal) e sorridente cercado de abêsabês, bêbêas de raras rimadas. No BR, o problema é que os leitores confundem poesia com soneto, poema com rima... e são viciados com soneto. (Devamos oferecer-lhes opções cocaínicas, canábicas e tais?). Os nossos leitores não se desgastam, nem envelhecem. O que é um fenômeno (triste). Tá todo mundo lendo Bilac ou...
Não se lê poema no BR porque os leitores estão cansados de, há mais de 120 anos, ler soneto. A poesia está mascarada. Há mais de cem anos (a mesma), com toques (apenas) modernos. E lentos. Continuam a mesma dos salões. Dos casos do coração. Das calçadas da lua. Da pura emoção. Poor Brasil!
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