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Dom, Jun

Diversos
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O estudo centenário (detido, preciso, aritmético) do verso como combinação de fonemas formando sílabas, estas manipuladas para montarem palavras concatenadas e “trenadas”, isto é, construindo sintagmas e versos ritmados, medidos, soníferos, em suma. Nada disso interessa hoje, de há mais de cem anos.

No poema, deve-se considerar só a palavra. Poema se faz com palavras, não com ideias (ou outras coisitas mais), dixit Mallarmé.

 

 

A poesia: experiência mística ou prazer muscular (indaga o crítico francês Etiemble, citado por Antonio Candido). E o valor do (decrépito) decassílabo seria decorrência de sua correspondência à nossa capacidade torácica média? Esse paralelo fisiológico é tacanho, vergonhoso. Daí, disparaAntonio Cândido, o magistral: “O verso livre se justifica, pois não há que reduzir o verso a ritmos vasculares ou a tempos respiratórios”. Ou seja, a balela de que “verso metrificado é o verdadeiro (e único a se chamar verso)”, porque corresponda a uma realidade fisiológica: “o metro corresponde ao movimento respiratório, o ritmo à pulsação sanguínea, e ambos aderem, por esta razão (suprema), ao nosso próprio ritmo fisiológico proporcionando sua exata leitura, sensações vitais de conforto e alegria”. É balela mesmo. Só balela. E nada mais que balela vigente.

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Murilo Gun

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