Tenho por hábito bem arraigado imaginar algo (sem dentes até) bem real que não aconteceu ainda e buscar o equivalente verbal disso.
A FORMA DE MENSAGEM
A questão da comunicação poética (que dizem torna-se mais fácil, por tem ritmo rímico e métrico – nemônico) é algo em que todos (até poetas cultos) tropeçam.
QUANDO TRIGONOMETRO A VERTIGEM
Ângulos noturnos escavo
do barro dos fragmentos
com esquadros de tempestades
ÁGUAS DO GOZO
De pedra e espuma a vida.
De efêmeras e macias volúpias o ser.
De clamor em ruína
SALVAÇÃO PELA POESIA
a Alberto da Cunha Melo
Brotam gritos da boca
da garganta abrem-se sílabas
SENTIDO DA VIDA
Todo sentido se perde e regressa ao nada
o edifício de palavras que bálsamo
da rima amacia e confina
HÁS
Há melindres, no codiário do acaso?
Há madames bêbadas de absintos e sábados
há comendas de dilúvios e tâmaras bastardas brotando
MORTO OFÍCIO
Pulo e aligeiro a dor
com estames feridos
e lembranças de sangue opacas
À SOMBRA PLATÔNICA DA ESPADA
Do rosto infatigável dos sábados
quando chega a febre do corpo que almejo
quando peso aziago e inapelável
DE CRISTO A PÃ
Gólgota, lenho da dor, gerou a cruz
cujo destino era o Calvário ou o Amor?
Eis a última pedra, o sopro ósseo