Não desprezo teus prazeres, sou servo
de teus mais senis favores
tu me lambuzas de lascivos suores
e grandes unguentos interiores
louvar-te é meu desatino
destino: abandonar-me a teus gozos
desfrutar de teu amor sano
é meu tormento surdo... e diário e insano
minha glória sexual, meu anelo vital
e ilusão mais querida: ser por ti notado
utopia contínua e noturna esperança
compartilhar teus lençois e suores
ter-te mim na cama ajoelhado
gritando mútua oração corporal (a três).
Preces e sumos da alma derramando
êxtase como novilhas saltando
a meio de lúbrica eletricidade
eletrocutando nus de gozo.
É minha penúria perder-te
procurar-te meu triunfo e arte
no aconchego do coração
guardar-te do abandono do mundo
e das investidas do tempo
e das verdades comezinhas te devorando
minha tortura cuidar-te
alimentar-te de meu abraço
preservar-te conservando-me
distante das tormentas lida da sina
perto de meu lábio deserto
vivo, insanável, sedento.
Sais dos ázimos mares do desejo
para os ásperos desertos de meus beijos.
Ao amor obedeço e sacrifico
te amparo e enlouqueço.
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