Do rosto infatigável dos sábados
quando chega a febre do corpo que almejo
quando peso aziago e inapelável
deixa a veia, quando o sangue se amontoa
lascivo e pulsante... e o muro de luz
desaba sobre irracional escuro
(que oculte treva do desejo)
me refugio no êxtase.
E a sonâmbula noite absurda
não me perdoa.
Todas as astúcias da insônia
se locupletam de meus olhos dolosos
me arrodeiam, se apossam
de minhas ânsias lascivas todas as incúrias de ser.
Músicas abandonadas percorro
do labirinto de sons nus vem
tênue, paciente, árduo suplício
do possível e longo aviário da lua
que me põe de repente no regozijo sem pena.
A plena volúpia dispensa umidade e febre
dispensa tugúrios velhos e féretros óbvios
a decifração do eu dispensa
e expõe seu lastro o tempo laico
do jângal do uivo ao redil das horas
do edifício da palavra à sua obra
da margem do ser ao centro da náusea
nada dura mais que a palavra.
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