A burrice imaginal estanca a poesia.
Sempre perto dos sentidos, longe da poesia.
Não faço pose de incompreendido
sou fruto da poesia absoluta
graças a Deus (Deo gratia).
Respiro por aparatos verbais.
Sou verbário. Afinal.
Dúzia de canalha não me aplaca.
Rezo em basílicas de palha
orações de cetim ajoelhado no jade e na seda.
Assim rejo a alma.
Pênis de abelha, vagina de rosa
cópula de néctar e orvalho.
Lábios de pedra, beijo oval.
Crie seus próprios arredores
seja verbo e gente.
Da ruma de esquecimentos retire
lembranças meio-esquecidas
e rememore-se sempre.
A aragem ao tocar com mão alísia
Seio nu e ereto mordeu-se.
Lírios atormentados, orquídeas deliquescendo.
Efusões tristes, ornatos de vesga prata
aromas cromáticos, desejos sem dentes.
Ritmo dissoluto (VCA).
Do pescoço da navalha aos músculos da fé
ou o grito embutido na garganta de Deus.
Tigres etruscos movem-se como sedas persas
nas selvas sânscritas de sândalo noturno.
Lume uivo da seiva da luz de seda.
Eito de caos solto na página
como matilha de cio no corpo.
Encômios nus. Ar cilíndrico. Cinzas do dia.
A mecânica celeste ulula luz.
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