Anátema de pedra achei na boca do profeta
É das incertezas da inteligência e desvarios da razão que vem o poema.
Toda clarividência é cinza.
Poesia afecção filosófica.
Olhar místico é completo.
Continuidade de rupturas prezo.
Além de suportar a vida, suportar-se a si mesmo, não é mole.
Abaixo soluções finais. Ou banais.
Ao êxtase do paradoxo.
Só desespero cura.
O devir do irreparável é a história
para Cioran.
É preciso demolir alacridades
ou subjugar alegrias.
Preze a hipocrisia, seja humano.
A insônia sistemática é como um
aperitivo do inferno, fuzila Cioran.
Para mim, a insônia é santa
e aproxima os olhos do céu.
Antecipa o paraíso.
O povo romeno é operoso e cultiva
a religião do fracasso, segundo Cioran.
Abdico de escrever, porque – fora Rimbaud
e Valéry transitoriamente – ninguém quer
abdicar da escrita. Já caluniei bastante
o universo, sapecou Cioran a Savater.
Vigília me concede lucidez.
A doença mortal do pensamento não tem cura.
Viva o insolúvel.
Eu apostrofo quando mijo.
Respirei revolução, asfixiei-me.
A civilização cansou, oxidou-se.
Só resta a decadência.
(E as seduções da morte).
É bem inconveniente existir.
(Adote uma diretriz dessas
como filosofia vital).
{jcomments on}