Se existe algo impessoal (no mundo
na vida, na arte literária) em especial
em poesia, é o poema (absoluto) de VCA.
Quase 99% de “minha poesia” não diz o mínimo
minimório respeito a mim (a ele, VCA).
Não a sinto, não a penso
não a digo, nem a canto: expresso
“espresso-a” como café italiano
no filtro da página, da xícara da alma.
E CIA
Se “minha poesia” evanesce, se
poema dela resultante é vago e forte
(fragile, angelicálico ou diabolical)
se a frase é egípcia
e o sentido habita esfinges
é que é poema absoluto e cia.
(É que visa a decomposição
da construção do sentido).
As palavras no poema absoluto
não suportam excesso ou falta de sentido
não são alicerces de dados comunicáveis (ou não).
Porém, comungam entre si
e com o infinito da expressão transcendente
e longamente ambígua porque destramente poética.
Porque avidamente primordial.
São elementos do poema absoluto
a dispersão magistral de sentido
a instabilidade gramatical
a sintaxe enlouquecida
de descentramento criativo
e desconstrução criadora.
Como põe-se e questiona
a palavra quando a mesma suporta
ou acolhe, abriga, aloja sentido
a poesia absoluta é uma questão absoluta. Sempre.
Como subordina a arte (literatura, em especial)
a um pensamento conceitual
portador que seria do sentido das coisas
humanas ou não, a poesia absoluta leva
a outro extremo por questão de ser absoluta
e não relativa a nada possível
levando leitor a becos de mínimas saídas
a sinucas de muitos bicos
ao se destrinco
a tudo o que se distancie de significados.
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