03
Seg, Nov

destaques
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times

No início foi o abismo como é o fim.

abyssus, abyssus... abismo nu, treva resplandecida

como párias dos últimos e soberbos capítulos

seda esgotada ante maciez do ralo devoluto

vasos para gozo da aridez plena cíclica

a demasia louvando a soberba...

e tudo escureceu num átimo físsil de luz

mais suando o céu caiu, desabou

o toldo alto, bastilha mor, última e vasta

muralha da piedade e certeza dum porvir redondo

aérea pilastra em forma de travesseiro

côncavo felibata se arrebata

arrebata credos e as mais vivas garantias

apostásicas apostas descaucionadas...

E o homem levanta-se do chão sem um balido ou

pena

a riscar fronteiras, beber crustáceos

suprimir mordomos, a se impor limites

a bondades passageiras e ordem convivial. E

desregramento à maldade.

As bordas do abismo humano eram rancorosas

além de inóspitas e rastejantes.

 

perdões curvados. hóstias decapitadas.

Hordas de deuses superados percebiam-se

como sombras ou gritos esfumaçados.

Demônios brancos lamentavam sina escura.

Dos círculos dantes vazios, solitários

cones infernais avultaram, começou logo

a proliferar ovos e válvulas de ódio

além do oblongo partejar inexorável

de cubos evanescentes embora neutros

a devorar tangentes.

E cadeados a apresar triângulos

eram vomitados como martelos

ao redor da deriva do último leprosário

Vírgulas a morder a cor dos parágrafos

a sílabas voluptusas aliadas

junto a hiatos crus irreticentes

paralelos a luminosos cogumelos

a outros ávidos fungos abraçados.

(cena acre e crua).

Tudo ainda fumegando como um perdão

Murilo Gun

Inscreva-se através do nosso serviço de assinatura de e-mail gratuito para receber notificações quando novas informações estiverem disponíveis.
Advertisement

REVISTAS E JORNAIS