O silêncio de Pitágoras é da estirpe do infinito
e se faz ouvir nu e preciso
na geografia dos abetos
nas hipotenusas da nudez
e se enrama entre os números do acaso
entre ímpetos das mônadas primárias e gementes
entre as fúrias e os gritos
o silêncio de Pitágoras vibra
penetra condomínios da náusea
farmácias tempestuosas, geometrias bêbadas
tendas em que volúpia se asile
sábados diagonais, domingos gordos
palpita o silêncio de Pitágoras
nas tardes de púrpura ardente da Hélade feiticeira.
Ecoou nas ladeiras dos sentidos
e escadarias do coração
penetrou relógios, moles, vestíbulos rijos
por entre as moléculas de Deus derramou-se
o silêncio de Pitágoras
transmigrou para o riso de Demócrito.
Cristalizou-se em múltiplos orvalhos das sedas da
cópula
e nas álgebras veludosas das manhãs áticas.
Átrios o silêncio despedaçou
estraçalhou prélios de cristais de lentos.
Fractaram-se em labirintos desiguais
os meandros do imaginário quando
o silo do silêncio de Pitágoras abriu-se
em copos melancólicos
para cadelas com diademas.
Os precipícios do sal o silêncio tocou
árduas dores contemplou
e às surdas paredes dos labirintos aderiu
o silêncio de Pitágoras é assediado
por esses saciado o silêncio de Pitágoras.
O silêncio de Pitágoras contempla
as planícies da alma, olha
sais nascendo, e a lua
bebendo o leite celeste
entre os catetos do universo
sacia o silêncio de Pitágoras sua fome de grito.






