Insônia não tem úmero, sexo, data, forma, tempo
é estéril, indocumentada, insistente, pastosa
criada por ímpetos disfarçados de pesadelos
sai às pencas do naipe dos olhos.
Não há brecha ou tímpano que a impeça
Aloja-se na liça dos lumes, na órbita do globo
e no íntimo dos cristais cujo desejo
se devolve, sonolência, a caricia cristais
insônia habita âmbito de cálcio, aveia, tiaras
cardumes marítimos, ecos de búzios trêmulos ou
ávidos
insônia das ondas, conchas, ares marinhos
habita umbrais sem nome, cornijas da tarde, átrios
nada sacros, êmbolos, catracas, escombros
e vômitos da manhã, resiste a suor de infernos
a pipocas, pirulitos, relâmpagos (e dores de alfenim)
a cenas pornográficas, orgias e distúrbios
mesmo a eréteis disfunções resiste
sem contar piras semestrais, rotinas e ratos
a insônia é cívica, arquetípica, pútrida.
Além de irritável e indecorosa.






