Sombra dos barcos naufragada
âncora do desespero levantada
vela sonhando com ventania
eito das águas doloroso
seio do mar entumescido
pelo toque do vento em cio alto
dedos lúbricos de Éolo
gozo aéreo dos pássaros
tromba de gaivota aberta em copa
oboé de abelha, sinfonia de rosa
tumulto da vida atravessando a alma
rigor da morte amarelando
timidez dos corvos legendária
cobiça de gusano amanhecendo
tremor se apossando do corpo
como demônio voluptuoso do espírito
sede abeirando vertigem
abismo de bruços amando
a fonte o desespero.






