A experiência do poeta é absoluta impotência pessoal, é pura desidentidadização... e intranquilizadora.
É a metafísica prática da vida e o difícil convívio com o id, que alimentam o poeta. Este só atinge um certo auge, só se habilita à poesia, em sua acepção mágica ou helena, se perder todo o poder do eu. É o eu, o ego, a soberba e o sentimento, necessariamente banal e narcísico ou hipócrita, que desgraçam a prática poética, e conduzem poeta, não à ribeira da loucura, mas ao pântano de si mesmo.
O gozo do impessoal ao poeta é vital (à poesia é crucial).
Ao excluir toda a intimidade e beirar o incessante espírito sintagmático, buscando o inacabado e o inacabável do poema e o ilimite da poesia, você vai ao verdadeiramente lírico. Encara o lirismo defronte do seu espírito.
Sobre seu eu agonizante, crasso e límpido plante a bandeira absoluta do poema. E é da aparente estagnação que sai o melhor poema. O melhor poeta é o que pratica o movimento puro que arrança o lírico da vida prática, desumana, pobre, atra.
Samuel Becktt fuzilou: o que reste para ser dito, busco, e, como nada resta fazer ou há, hei de beber o mar. Há pois o mar e Samuel, beba-os de um hausto extático.
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