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Dom, Jun

destaques
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(O FOGO DO LAR É A PALAVRA)

Entre o que estagne

e o que flua: o poema

 

entre o que rasteje

e o que revoe: a palavra

 

entre o transitório e o contingente

o que permanece apodrece

 

entre o que não cessa

e sempre muda: a poesia.

 

A morada da palavra é o ser

a residência do poeta: o poema.

 

Cavalos em demanda do sigilo

contêineres de selo

a sonhar com saliva

 

homens que buscam a derrota

ávidos de ser menos que a vida

 

poetas presa da armadilha do ego

da catraca da gramática devotos

e domésticos do sensível

 

e tantas belas e empreendedoras

pessoas (de bom grado e melhor medida)

 

de cálice, lança, espada e lápide munidos

fugindo da terra desolada da alma

 

para uma praia ou um shopping

estéril mas festivo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Branco sono que orvalho instila

quando lança na relva

pérolas de brilho

arredondadas luzes líquidas

 

manhãs que pássaros acalentam

(ou mesmo inventam)

 

eis os itens de meu cordial testamento

 a verdade mais inocente.

Murilo Gun

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