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Dom, Jun

destaques
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Sou um escritor mas sou também xamã.

O que digo não se escreve. A respeito de minha

arte oculta sou vago às vezes. Outras espesso.

Ou seja: me decifro, me desnudo. Me ubíquo

.

Como coivara me devasto e alimento. Me espaço

como ar solto do páramo.

O verbo tem forma de esfinge.

O verdadeiro, o que vem da Vinha Pura

perfeita vide  poema não alcança.

Nasci do Nordeste do Brasil mas minha estirpe

se desdobra desde a Grécia órfica, desde

África madre, desde mares nus da hiperbórica região.

Onde a palavra clama por amplidão.

Hiperbórico é o ímpeto que singra em meu sangue.

Sangue que foi mediterrâneo, luso

agora brasileiro (mas nas ribeiras do Eufrates

buscou um dia fluente abrigo).

 

 

Ao negro cais de Caronte irás um dia

 das águas de livor do Averno beberás

 (pois o Aqueronte vital não te esquecerá).

 

 

 

Murilo Gun

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