Com o velo vai-se ilusão
vem escuro vaso
fica brilho do veneno
inoculada luz do íntimo
gota de cicuta enleva
o esôfago fero
Ao rés onde rolas tremes
sinuosa, infinita (cilíndrica e macia)
temor escande, morte mede, hora teme
sombra frágil, irresoluta
cruéis silvos nomeiam
sonoras bages previnem
assédios da morte (que mordem)
entre nós e guizos te alastras
como o medo que derramas
com alertas cápsulas de ímpia cicuta
circulando de tuas veias para humanas dores atras
gestos metafísicos resolutos
no círculo das serpes doas enlaces
incutes aos cérebros desvarios
circuitos interrompidos tua seiva instala
a geometrias azuis caos doas
oblíquos informes, amorfos pendores
ofereces ao que pulsa a imobilidade
e escuro à luz dos vasos que invades
com o buril duplo dos dentes o inerme esculpes.
Mensuram tuas ofídicas dinastias
épuras rápidas, botes sem água (ou trégua)
e poliédricas clausuras.
De tudo o que hermetiza o insano és irmã.
(Do cálculo do cadinho de tuas seivas más
herdas a matemática diabólica
túnel sem luz ou dia, cápsula da agonia).
Gravatá, 2008