Altamente hermético, orfeico de palavra
eleusiana insubmisso ao sentido sempre
com intenção declarada de derrubar significados
de verbo envasado no barro de pássaro
de sais e aromas antigos mitigado
de hastes lívidas, acres músicas e signos plurais
multiplicando-se como coelho ou rato
amorfo (não morfético), intruso mas terreno
antissintático por excelência agramaticalizante
rebelde a toda trena poética ensimesmado
bebendo da bacia do id de cada palavra
edênica ou danada, cintilando e acossado
pelas tropas cerradas da imaginação
incrustado de metáforas florescendo na página.
(À obra de VCA é negada
qualquer consistência
qualquer sentido, nuance ou eco
que não seja literário.
Sua poesia não se quer cotidiana.
Ele vive de ilusão, não de desencanto.
A sinceridade erótica nele é vital.
O que é mais íntimo e o seu reflexo
fora da alma fora do corpo
Cláudio Veras)