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Qui, Abr

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EDITORIAL ABSOLUTO PARA O JORNAL O MONITOR

Pode-se dizer que as transformações da sociedade global ocorreram desmedidamente, tanto positiva quanto negativamente, e operaram mudanças imprevisíveis, com repercussões insólitas, de cuja capacidade de avaliação nos ressentimos ainda.

A critica ao desenvolvimentismo tecnológico ressabiado, ao progresso sem sentido (a mudança pela mudança), à conturbação da moral, ao avessar dos costumes, sobretudo, à alteração insensata e insensível de comportamento das pessoas, a crítica desse status  físsil, indúctil, friável, por demais flexível, flácido não ocorreu – se desbaratou, e o enigma se instalou (ou a aperspectiva), o futuro deixou de ser previsível para ser imediato. Sua decifração morreu. É o que se sumarizaria em labialidade destrutiva.

 

As totalidades, como sociedades industriais, crescentes inovações tecnológicas, o desvairar dos costumes, o nó dos comportamentos sociais, a produção e a produtividade sem limites – nem razoáveis, não aparecem mais como portadoras de vida nova alicerçadas num estilo. No Brasil, o norte é desvalidação do indivíduo, o desprezo à linguagem, a inação da juventude, a evasão do real ao virtual. Exércitos de jovens – e batalhões inteiros de não tão jovens – viraram zumbis do facebook, e vivem sob a tríade sexo, bar e celular. Alucinogenizam-se bastante e vão em frente, mergulham adentro no curso do motel salvífico. Computa-se um atraso irreversível e crescente, para o marco de um ignoratização do ser, para o desastre do futuro. Para o fim do porvir. O que nos espera são destroços do que fomos.

A conquista do gozo à flor da pele, do prazer imediato do imediato, prazer desastroso como a droga, inclusive o álcool, a e bobagem da conversação (que comprovei em Recife, ao frequentar “mesas” jovens), são focos de alienação social e psicológica, são fatores de reificação do ser, que assombram.

Lazeres automáticos, relações virtuais (sem a presença do outro), entrega ao hiponótico, fuga do intelecto ao sentido, a deturpação da imagem, inopção, automatização do sentimento e sua padronização em tédio e rock-and-roll (por exemplo) não mais permitem uma resposta humana ao futuro. Porque o presente está sendo consumido em sexo, bares e celulares (voltando-se então aos zumbis do facebook).

A repetição do estilo de vida tornada permanente é contradição idiota. Vanguardas, seitas literárias, busca do secreto, abertura da vida a novas fronteiras e desafios que eram programas jovens hoje reduzem-se à esfinge de um bar – com álcool droga e música “assertanejada”, além da aplicação ao celular, mais que à escola, para o grande desfecho da vida de cada um: SEXO com os sentidos alterados etc.

Eis o resumo das transformação humanas atuais, a cena nada humana a que nos arrastamos, e o que somos: pupilos do celular, zumbis do facebook, presa do gozo sexual, meramente.

A palavra de ordem da era dos The Beatles era Sexo Droga e Rock and roll (conf. Leonardo Ferreira, roqueiro do bem me lembrava) e a que hoje vige (e não é tão romântica ou saudável) é Sexo, Bar e Celular ou sexo, música imbecil e drogas (sendo que a música hoje é uma droga). A propósito, em editorial, O Monitor constatou existir, no Brasil, há mais de 10 anos, o ebola em forma auditiva, que é a peste da música sertaneja, infeccionando e massacrando a boa música brasileira, o que levou o crítico carioca Homem de Melo a disparar: O Brasil faz a melhor música do mundo e ouve a pior.

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Murilo Gun

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